61 Anos do Golpe Militar: Miguel Arraes, Memória, Resistência e Luta Popular
- Carlos Maia
- 31 de mar.
- 3 min de leitura
Por *Carlos Maia/secretário estadual de Comunicação do MPS -PR

Em 1º de abril de 2025, completam-se 61 anos do golpe militar de 1964, um marco sombrio na história do Brasil que deu início a um regime autoritário e repressivo, perdurando por 21 anos. A ditadura militar deixou cicatrizes profundas na sociedade brasileira, promovendo censura, perseguição política, tortura e assassinatos de opositores. Embora a democracia tenha sido restabelecida em 1985, as marcas desse período ainda ecoam na forma de violência estatal e repressão contra populações vulneráveis, especialmente nas periferias urbanas.
Entre as figuras que simbolizam a resistência contra o regime militar está Miguel Arraes de Alencar, político nordestino que se destacou por sua luta em defesa dos trabalhadores e das causas populares. Nascido em 15 de dezembro de 1916, em Araripe, Ceará, Arraes começou sua trajetória política como servidor público e consolidou sua liderança ao ser eleito prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos.

Miguel Arraes ea volta do exilio em 1979
Miguel Arraes: A Resistência e o Exílio
Quando o golpe militar ocorreu, em 1964, Miguel Arraes exercia o cargo de governador de Pernambuco, destacando-se por políticas sociais voltadas para os trabalhadores rurais e urbanos, como a valorização da educação e o fortalecimento dos movimentos sindicais. Recusando-se a renunciar ao cargo diante da pressão dos militares, Arraes foi preso e, posteriormente, enviado ao exílio, passando 14 anos fora do país, principalmente na Argélia. Durante esse período, ele permaneceu politicamente ativo, denunciando as violações de direitos humanos cometidas pela ditadura e articulando com lideranças internacionais pela restauração da democracia no Brasil.

Arraes no comício pelas Dietas Já em 1985
Com a anistia em 1979, Miguel Arraes retornou ao país e retomou sua militância política, participando ativamente do processo de redemocratização. Em 1986, foi novamente eleito governador de Pernambuco, promovendo uma gestão voltada para a inclusão social e a valorização da cultura popular. Além disso, aproximou-se de Luiz Inácio Lula da Silva e da formação da Frente Brasil Popular em 1989 — uma coalizão de forças progressistas composta pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialista Brasileiro (PSB). Arraes desempenhou um papel importante na mobilização popular e na construção de uma agenda política voltada para os direitos dos trabalhadores e da população mais pobre.
A Repressão que Persiste nas Periferias
Apesar da redemocratização, as periferias brasileiras seguem sob forte repressão estatal, refletindo uma continuidade da lógica autoritária herdada da ditadura. Jovens trabalhadores, majoritariamente negros e pobres, são alvo constante de operações policiais violentas que agem com brutalidade e desrespeito aos direitos humanos. A política de segurança pública, ainda marcada pela lógica de confronto, transforma comunidades periféricas em zonas de guerra, onde a presença policial significa, muitas vezes, medo e insegurança.
Essa violência revela o racismo estrutural que permeia as instituições de segurança e a desigualdade que coloca a população negra e periférica como alvo preferencial da repressão. Movimentos sociais denunciam o genocídio da juventude negra e lutam por políticas que valorizem a vida e garantam direitos básicos, ao invés de intensificarem o controle militarizado sobre as comunidades.

Arraes, ao fundo a bandeira do Partido Socialista do Brasil
Legado e Reflexão
Miguel Arraes faleceu em 13 de agosto de 2005, mas seu exemplo de resistência permanece vivo. Sua trajetória de luta contra a ditadura e pela justiça social inspira as novas gerações que seguem combatendo as práticas autoritárias e racistas que ainda persistem. Passados 61 anos do golpe militar, é fundamental refletir sobre as heranças desse período e fortalecer a luta por uma sociedade verdadeiramente democrática, que respeite e valorize a dignidade humana, especialmente das populações historicamente marginalizadas.
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*Carlos Maia
Publicitário, membro do PSB-Pr
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